Isso é real, possível e acontece. Na vitrine, todo mundo pode ser a Walmart.
Uau, você deve estar pensando. Qual será a pegadinha? Nenhuma, eu garanto. Mas entendo sua desconfiança. A Walmart é maior empresa varejista do mundo e fatura bilhões. Seu poder de investimento, seja em publicidade, gestão de estoques, poder de compra, ou arquitetura da loja é incomparável, ainda mais em relação à um pequeno lojista independente. Concordo com você, isto é fato. Mas, ainda assim, eu me atrevo a dizer que você mesmo, pequeno lojista independente, principalmente do setor da moda, que é minha área de atuação, pode competir e ganhar da Walmart, ou de qualquer outra grande rede com que você compita. Muito mais que capital, recurso em que são muito mais poderosos que você, essa estratégia vai requerer disciplina, criatividade e conhecimento do seu cliente, ou seja recursos que você pode dispor com qualidade, se não superior, ao menos equivalente a deles. Sem mais mistérios, mãos à obra!
Se fossemos comparar à uma guerra, estaríamos comparando um grande e poderoso exército com uma pequena milícia, e ainda assim a história nos mostra vários exemplos em que estas milícias foram exitosas. Pense no Afeganistão, onde as milícias por séculos resistem e só nos últimos anos resistiram aos exércitos mais poderosos do mundo, Russia e EUA e continuam por lá pra contar sua história. Bem, percebendo isso é que surgiu o tal marketing de guerrilha, que busca certos princípios baseados nestas táticas. O primeiro evidente é que você deve escolher um cenário no qual possa ser competitivo, no caso da milícia, eles nunca poderiam competir em termos de tanques de guerra, então levam a briga para locais onde tanques não sejam importantes, montanhas por exemplo. No caso do varejo, competir em mídia não é possível, só o gasto em TV das redes é superior ao faturamento anual de muitos concorrentes. Em preços? Também não é boa idéia, enquanto eles tem milhares de itens e lojas para compensar margens, o pequeno lojista só pode contar com o que dispõe. Não desanime, estude o oponente e bole sua estratégia.
Correndo o risco de ser repetitivo, vou lembrá-lo mais uma vez de que a vitrine é essencial no mercado de moda, respondendo por até 80% das vendas de uma loja. Ainda assim, as empresas sub-utilizam este importante recurso. Bem, meu amigo, na sua milícia esta é uma das suas armas mais fundamentais, então não a subestime, tire o melhor proveito dela. Para que isso seja possível você deverá conhecer bem seu cliente, seus gostos e valores. Tudo para que possa criar vitrines atrativas e vendedoras. Divida em dois passos, a criação e a execução. Você pode contratar um profissional de visual merchandising para ajudá-lo ou criar sozinho, se tiver este talento. Pesquise na internet em blogs de vitrinismo ou no instagram (eu mesmo publico várias vitrines interessantes no meu) e logo terá muitas fontes de inspiração. Você vai perceber que a criatividade nem sempre custa muito, uma boa idéia vale mais que dinheiro. Quando puder, vale a pena investir em algumas ferramentas de boa qualidade. Na vitrine de moda as principais são os manequins e a iluminação, como poderá constatar pelos inúmeros exemplos disponíveis. Isto faz a diferença em criar a ambientação que reproduz aquele ambiente no qual o seu cliente deseja estar e disparar o impulso da compra. E vendas de moda, são majoritariamente feitas por impulso.
Neste momento, você será competitivo no uso da sua melhor arma, e poderá, tal como nas artes marciais, se beneficiar da força do seu oponente. Suponha que ele faça uma grande publicidade tirando o cliente de sua casa para a loja, e você compartilhe deste ambiente sendo vizinho, com sua vitrine atrativa você poderá colher parte deste esforço em vendas de impulso para aquele cliente que havia sido atraído por ele. Guerra de guerrilha… Claro que este concorrente pode fazer boas vitrines também, mas este é um campo em que você pode lutar em igualdade de condições, e com planejamento e criatividade superá-lo em resultados com gastos menores. Isso é real, possível e acontece. Por isso eu sempre falo: Na vitrine, todo mundo pode ser a Walmart. Sucesso!