Na manhã de terça-feira, 1 de outubro, a Chanel realizou mais um desfile memorável no Grand Palais, em Paris, onde uma coleção primorosamente elaborada arrancou aplausos do público. Mesmo sem o anúncio de um novo estilista após a saída de Virginie Viard em junho, a coleção, assinada pelo estúdio criativo da marca, provou que a maison continua a ser um símbolo de profissionalismo e excelência.
Este desfile também marcou o retorno da Chanel ao icônico Palais Royal, enquanto o famoso local passava por uma restauração em preparação para as Olimpíadas de Paris. O cenário simples, composto por cadeiras dobráveis brancas para as 2.200 pessoas presentes, contrastou com a grandiosidade da estrutura central: uma gaiola branca de 20 metros de altura, onde os modelos desfilaram. A estrutura não foi uma escolha aleatória; a lenda diz que Coco Chanel certa vez recebeu uma gaiola de passarinho como presente de uma costureira, um detalhe que inspirou a criação de uma famosa campanha publicitária do perfume Coco, em 1991, estrelada por Vanessa Paradis.
A coleção foi um verdadeiro desfile de inovação. O estúdio criativo da Chanel ousou ao reinventar os clássicos terninhos da marca, apresentando novos cortes e detalhes, como golas Peter Pan e saias com aberturas laterais, além de hot pants. As peças também exibiam um toque de fantasia, com penas brancas adornando muitos dos casacos e até um bomber de lã bouclé, uma combinação surpreendente que funcionou.
Um dos destaques foi a diversidade no elenco, que trouxe uma variedade de corpos, algo raramente visto em desfiles da Chanel. Além disso, o estúdio mostrou coragem ao misturar elementos do passado, como os enormes ternos de couro de aviador, com tendências contemporâneas, como os looks semitransparentes em tons suaves, complementados por lingerie delicada. Essa combinação evocou uma sensação de libertação, como se as modelos estivessem saindo da gaiola que dominava o cenário.
O desfile foi também uma celebração do espírito inovador da marca, que, mesmo sem um diretor criativo oficial, conseguiu entregar uma coleção sofisticada e ousada. A trilha sonora emocionante, que incluiu a cantora Riley Keough interpretando When Doves Cry enquanto circulava pela gaiola, foi o ponto alto do evento. A performance final, com o elenco formando um círculo ao redor da cantora, deixou uma impressão inesquecível.
Apesar da ausência de um novo estilista, o futuro da Chanel parece promissor. O presidente de moda e acessórios da marca, Bruno Pavlovsky, evitou comentar sobre os próximos passos da maison, dizendo apenas: “Um dia de cada vez, hoje falamos deste desfile”.
O que ficou claro é que a Chanel continua sendo a joia do luxo francês. Com uma coleção marcante e inovadora, a maison mostrou que, mesmo sem um nome à frente do design, mantém sua posição como líder na moda mundial.
Os aplausos fervorosos ao final do desfile não foram apenas uma celebração da coleção, mas um voto de confiança no legado e no futuro da Chanel, uma marca que continua a definir o que há de melhor na moda e no luxo.